Greve de 24 horas dos petroleiros da Petrobras começa nesta 4ª

Começa nesta 4ª feira (26.mar.2025), à meia-noite, uma “greve de advertência” com duração de 24 horas dos trabalhadores da categoria dos petroleiros da Petrobras. Segundo o Sindipetro Unificado (Sindicato dos Petroleiros Unificado), as reivindicações estão ligadas à remuneração, ao regime de teletrabalho e à dificuldade de diálogo com a gestão da presidente da estatal, Magda Chambriard.

A paralisação foi aprovada de forma conjunta no sábado (24.mar) pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) e pela FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), entidades da categoria petroleira, em assembleias.

De acordo com o comunicado divulgado pela FUP e pela FNP, a medida foi tomada em razão da dificuldade de dialogar com Magda Chambriard. “O movimento é um protesto contra a postura da atual gestão da empresa, que tem esvaziado os fóruns de negociação coletiva e desrespeitado o princípio negocial”, afirma o texto.

Presidente da Petrobras desde maio de 2024, Chambriard substituiu Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela foi diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de 2012 a 2016. Antes, trabalhou por 22 anos na própria Petrobras, como funcionária de carreira.

A principal reivindicação dos grevistas é o respeito às negociações e a garantia do pagamento da remuneração variável, que sofreu uma redução de 31%. A remuneração variável refere-se a um pagamento adicional ao salário base que varia de acordo com o desempenho do funcionário ou da empresa.

Além disso, os petroleiros exigem uma solução para o deficit dos planos de Previdência, que afeta a remuneração de aposentados e pensionistas, bem como a contratação de pessoal, drasticamente reduzida depois das denúncias da Lava Jato.

Regime de teletrabalho

Outro ponto importante para a mobilização foram as mudanças no regime de teletrabalho. O sindicato exige a suspensão do cronograma de retorno ao trabalho presencial negociado individualmente e a abertura de “negociações coletivas sobre as novas regras que contemplem os impactos sobre os trabalhadores”.

No dia 19 de março, o Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) divulgou um vídeo em que uma funcionária da Petrobras identificada como Luciana Frontin expressava preocupação com a exigência de retorno ao trabalho presencial. Ela afirmava que a mudança tem causado “estresse” e “sintomas físicos” que ela nunca havia sentido antes em 17 anos na estatal.

No vídeo publicado no Instagram, Frontin lê uma carta à Diretoria Executiva da Petrobras. Ela criticava o aumento do número de dias de trabalho presencial de 2 para 3 por semana e afirmava que apenas a ideia de voltar já afeta sua saúde e produtividade. Ela defendia a manutenção do modelo híbrido e pedia que qualquer alteração fosse negociada com os trabalhadores.


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Leia a íntegra do comunicado da FUP e da FNP

“A categoria petroleira decidiu, em assembleias realizadas nas unidades operacionais e administrativas da Petrobrás, pela convocação de uma greve de advertência de 24 horas, marcada para esta quarta-feira, 26 de março. O movimento é um protesto contra a postura da atual gestão da empresa, que tem esvaziado os fóruns de negociação coletiva e desrespeitado o princípio negocial.

“A pauta unificada de luta traz uma série de reivindicações essenciais para a categoria. Entre os principais pontos está a defesa da Remuneração Variável, com a exigência de que os valores não sejam reduzidos, especialmente considerando que a redução de 31% nos montantes apresentados pela empresa nos simuladores de dezembro do ano passado é considerada inaceitável, enquanto a companhia repassa 207% dos lucros para os acionistas. A Remuneração Variável é o pagamento adicional ao salário base que varia de acordo com o desempenho do funcionário ou da empresa.

“Outras demandas incluem a defesa do Teletrabalho, com a suspensão do cronograma de mudanças pretendido pela Petrobrás e do termo de adesão individual, e a abertura de negociações coletivas sobre novas regras que contemplem os impactos sobre os trabalhadores. A categoria também cobra uma solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) do Plano Petros, de previdência, e a criação de um plano único e integrado de cargos, carreira e salário, que valorize a negociação coletiva, corrija distorções passadas e garanta progressões justas na carreira.

“Além disso, a reposição do efetivo de pessoal se destaca como prioridade, com a convocação de concursados e a abertura de novos concursos, considerando a drástica redução no número de trabalhadores após a Lava-Jato. A greve de advertência também exige a garantia da integridade física dos trabalhadores e a retomada da produção de fertilizantes na unidade do Paraná (Fafen-PR) com segurança adequada. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram 731 acidentes de trabalho no setor de óleo e gás em 2024, com 78 feridos graves. Houve 6 mortes no ano.

“A categoria petroleira também reivindica melhores condições de trabalho e segurança para os prestadores de serviços, com ênfase na melhoria da fiscalização dos contratos e a eliminação da escala 6×1, que prejudica esses trabalhadores. Por fim, a greve exige a igualdade de direitos entre os trabalhadores antigos e novos, incluindo os adicionais de transferência e ajuda de custos.

“O movimento visa garantir direitos, segurança e melhores condições de trabalho para todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás.”

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