Groenlândia considera visita dos EUA como “altamente agressiva”

As tensões entre os Estados Unidos e a Groenlândia ganharam um novo capítulo no domingo (24.mar.2025) depois que Washington anunciou que viajarão até a ilha a esposa do vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, Usha Vance, e Michael Waltz, conselheiro de Segurança Nacional do país.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, classificou a visita da delegação como “altamente agressiva“, uma vez que o presidente Donald Trump (Partido Republicano) tem expressado reiteradas vezes o interesse em incorporar a Groenlândia, região autônoma da Dinamarca, aos EUA.

Além de Waltz e Vance, o secretário de Energia, Chris Wright, também participa da viagem oficial. “Estamos agora em um nível em que isso não pode de forma alguma ser caracterizado como uma visita inofensiva da esposa de um político. Por que o conselheiro de segurança está na Groenlândia? O único propósito é nos dar uma demonstração de força, e o sinal é inconfundível“, afirmou Egede em entrevista ao jornal Sermitsiaq.

No discurso ao congresso americano no início de março, Trump declarou que os EUA obteriam a Groenlândia “de uma forma ou de outra”. O presidente enfatizou o direito do povo do território à autodeterminação, expressando apoio à sua escolha. Mas não deixou de destacar a importância estratégica da ilha para os interesses norte-americanos em segurança nacional e internacional.

A Groenlândia é um território autônomo da Dinamarca, localizado entre o Atlântico Norte e o Oceano Ártico, e possui relevância geopolítica significativa. A ilha tem uma localização geográfica privilegiada e abundantes recursos minerais. A presença de Wright na delegação evidencia o interesse norte-americano nos minérios.

O governo Trump caracterizou a visita como uma oportunidade de aprender mais sobre a cultura e o povo da Groenlândia. No entanto, a insistência em adquirir o território levanta preocupações na região e na Dinamarca.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, afirmou que a visita não foi solicitada por nenhum dos governos, e destacou a seriedade com que a Dinamarca encara a situação.

A importância da Groenlândia vem crescendo no contexto geopolítico global, especialmente com as mudanças climáticas e o derretimento das calotas polares.

Apesar das recentes declarações, a proposta de Trump em adquirir a Groenlândia não é nova. Desde 2019, o presidente demonstra interesse em incorporar o território, chegando a cogitar a compra direta ou a utilização de métodos de pressão econômica e militar, o que causou tensões diplomáticas com a Dinamarca e a Groenlândia.

Uma pesquisa divulgada em janeiro deste ano revelou que cerca de 85% dos groenlandeses são contrários à ideia de que a Groenlândia se torne parte dos EUA.


Leia mais:

  • Sob a sombra de Trump, oposição vence eleição na Groenlândia
  • “Não queremos ser norte-americanos”, diz premiê da Groenlândia
  • Leia a íntegra do discurso de Trump ao Congresso dos EUA
  • “De um jeito ou de outro, vamos conseguir”, diz Trump sobre Groenlândia
  • Groenlândia quer proibir doações políticas estrangeiras
  • 85% da população da Groenlândia é contra anexação aos EUA
Adicionar aos favoritos o Link permanente.