Crédito consignado e isenção do IR ajudarão a evitar ‘superendividamento’, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu as políticas de criação do crédito consignado privado e de ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) contra críticas de que elas atrapalhariam o efeito dos aumentos de juros realizados pelo Banco Central. “Sem essa agenda micro acompanhada da macro, essas receitas mais ortodoxas na minha opinião não vão corrigir os problemas da economia brasileira”, disse.

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Críticos das propostas apontam que aumentar o poder de compra da população neste momento pode mitigar a desaceleração dos preços que o BC busca. Na sua última reunião, no dia 19 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual para 14,25%, maior patamar desde 2016.

A fala do ministro ocorreu durante evento realizado pelo jornal Valor Econômico na manhã desta segunda-feira, 24. Questionado sobre o crédito consignado a proposta para o Imposto de Renda (IR), Fernando Haddad também negou que venham a aumentar as dívidas das famílias brasileiras. “Essas medidas que estamos tocando são justamente para evitar o superndividamento”, disse.

Disponibilizado na última sexta-feira, 21, o programa “Crédito do Trabalhador” superou a marca de 40 milhões de simulações no aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, divulgou neste domingo, 23, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Já a isenção do Imposto de Renda para quem recebe salários de até R$ 5 mil é uma proposta enviada pelo Ministério da Fazenda ao Congresso. Também seriam criados descontos para quem recebe entre R$ 5 e R$ 7 mil.

Haddad demonstra otimismo com a inflação

O ministro Fernando Haddad disse também que a inflação neste ano pode surpreender positivamente sob efeitos benignos da safra, do câmbio e de temas geopolíticos. “Penso que pode ser o oposto do que esta sendo projetado”, afirmou. Um alívio na inflação abriria margem para mudanças na política monetária pelo Banco Central.

“Nós tivemos muita dificuldade ano passado com o Fed [Federal Reserve, bano central dos EUA]. Euem acompanhou os debates sabe que já no final de 2023, havia uma percepção muito forte de que ele começaria a cortar as taxas de juros nos EUA a partir de março”, recordou o ministro. “Eu não acredito que a má surpresa que ocorreu ano passado vai se repetir.”

Contas públicas

Outro tema na conversa de Haddad com jornalistas foi o risco fiscal, apontado como outra das causas para o aumento dos juros. O ministro defendeu o comprometimento do governo com o arcabouço atual das contas públicas. “Nós vamos perseguir porque a gente entende que é necessário. Não estamos fazendo concessão teórica ou política a ninguém”, disse.

“Se eu não tivesse mirando o centro da meta nós poderiamós ter gastado R$ 16 bilhões ou R$ 17 bilhões a mais no passado”, seguiu Haddad. “Não se dava importância para meta fiscal há muitos anos no Brasil”, defendeu.

Ainda assim, Fernando Haddad acredita que ajustes no regulamento fiscal podem ser necessários no futuro. “Quando você tiver uma inflação e uma taxa de juros mais baixas, você vai poder mudar os parâmetros do arcabouço. Mas na minha opinião não deviamos mudar a arquitetura, que foi muito bem vista por especialistas”, disse.

O arcabouço fiscal permite um crescimento real dos gastos de até 2,5% ao ano, a depender do ritmo das receitas públicas. Além disso, o governo trabalha com metas de déficit primário zero em 2025 e um superávit de 0,25% do PIB em 2026.

[*com informações da Reuters]

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