Reforma do IR pode impactar saúde fiscal do Brasil em R$ 40 bi

A proposta de reforma do imposto de renda (IR), apresentada pelo governo federal, visa ampliar a isenção para pessoas físicas com rendimentos de até R$ 5 mil mensais, além de estabelecer uma tributação mínima sobre aqueles que possuem rendimentos elevados. No entanto, especialistas alertam para os impactos fiscais da medida, que pode gerar um rombo entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões nos cofres públicos.

Mudanças na tributação e impactos esperados

O projeto, que faz parte da agenda política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca aliviar a carga tributária da classe média e baixa, ao mesmo tempo em que impõe uma alíquota progressiva sobre rendas superiores a R$ 50 mil mensais. A medida prevê um imposto mínimo de 10% sobre os rendimentos totais para quem recebe mais de R$ 1,2 milhão ao ano, impactando cerca de 141 mil pessoas — o que representa 0,13% da população.

A proposta, no entanto, levanta dúvidas sobre como o governo compensará a perda de arrecadação. Segundo José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, a desoneração pode estimular o crescimento do PIB em 0,2% em 2026 e 0,1% em 2027, mas também pode impulsionar a inflação, com um aumento estimado de 0,4% e 0,6% na inflação acumulada em 12 meses para 2026 e 2027.

Redistribuição de renda e consumo

Especialistas apontam que a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda pode ser interpretada como uma estratégia de redistribuição de renda, transferindo recursos das classes mais altas para a classe média e baixa. Isso pode resultar em um aumento do consumo, fortalecendo a economia no curto prazo.

Alfaix explica que famílias de baixa renda tendem a gastar uma parcela maior de sua renda, enquanto os mais ricos costumam poupar. Esse fator pode gerar um impacto imediato no mercado consumidor. No entanto, há o risco de um descompasso entre oferta e demanda, dado que a economia já opera acima de seu potencial.

Riscos para a saúde fiscal e o câmbio

A preocupação com a austeridade fiscal e a estabilidade econômica também está no radar dos analistas. Alfaix destaca que a falta de neutralidade tributária ou falhas nos cálculos do governo podem enfraquecer a posição fiscal do Brasil, aumentando a percepção de risco dos investidores. Isso, por sua vez, poderia levar à desvalorização do real frente ao dólar.

“Caso observemos desidratação da proposta de neutralidade tributária, ou inconsistência prática dos cálculos da Fazenda, voltaremos a uma posição vulnerável na seara fiscal. Isso alimenta o receio de que o câmbio possa voltar a depreciar como reflexo do aumento de um maior prêmio de risco”, alerta o economista.

Resumo

A reforma do imposto de renda promete beneficiar milhões de brasileiros de renda média e baixa, mas levanta desafios fiscais e inflacionários. Enquanto alguns economistas veem a medida como um estímulo ao consumo e ao crescimento do PIB, outros alertam para os riscos de desequilíbrio fiscal e aumento do câmbio. O impacto da proposta dependerá, portanto, da capacidade do governo de compensar a perda de arrecadação e manter a estabilidade econômica do país.

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