Mercado reage às decisões de juros: Fed estável, Copom eleva Selic

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As decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil trouxeram sinais distintos, mas ambos os bancos centrais reconhecem o aumento da incerteza econômica global. Enquanto o Fed manteve os juros inalterados e indicou maior cautela quanto ao crescimento dos EUA, o Copom confirmou o aperto monetário, elevando a Selic para 14,25%, com possibilidade de uma nova alta em maio.

Fed mantém juros, mas incertezas aumentam

O Fed optou por manter a taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%, sem alterar as projeções para cortes no gráfico de pontos (Dots). No entanto, segundo Andressa Durão, economista do ASA, a decisão foi interpretada como dovish pelo mercado devido à revisão para baixo das estimativas de crescimento econômico nos EUA.

O comunicado retirou a menção ao equilíbrio entre os riscos de inflação e emprego, destacando maior incerteza sobre o cenário econômico. Powell, no entanto, minimizou a mudança de tom na coletiva de imprensa.

A projeção para a inflação do núcleo foi revisada para cima em 2025, e a estimativa de crescimento do PIB foi reduzida até 2027. Apesar da manutenção da previsão de cortes de dois aumentos de 25 bps em 2025, a distribuição das projeções sugere que um número maior de membros do Fed vê a necessidade de juros mais altos no curto prazo.

Powell também reconheceu que o impacto da política comercial dos EUA – incluindo tarifas sobre importações – pode pressionar a inflação e desacelerar a economia, mas afirmou que, no momento, não há indícios concretos de uma recessão iminente.

Em um cenário sem recessão, esperamos que as tarifas impactem a inflação de maneira que o Fed não consiga realizar os cortes de juros esperados para este ano.” concluiu Andressa Durão.

Copom reforça aperto monetário, mas vê sinais de desaceleração

Já no Brasil, o Copom manteve o tom hawkish ao elevar a Selic para 14,25%, em linha com as expectativas do mercado. No entanto, segundo Leonardo Costa, economista do ASA, “o comunicado trouxe sinais incipientes de preocupação com a atividade econômica doméstica, o que pode indicar uma desaceleração no ritmo de alta dos juros.

A projeção do Banco Central para a inflação no horizonte relevante foi reduzida de 4,0% para 3,9% no terceiro trimestre de 2026. O comitê segue monitorando riscos inflacionários, incluindo:

  • Desancoragem das expectativas de inflação.
  • Inflação de serviços resiliente, impulsionada pelo mercado de trabalho aquecido.
  • Impacto do câmbio depreciado, que pode pressionar preços internos.

Por outro lado, o Banco Central também reconheceu riscos baixistas para a inflação, como uma desaceleração mais intensa da economia brasileira e um ambiente global menos inflacionário devido às incertezas no comércio internacional.

Segundo Costa, “o comunicado do Copom foi ligeiramente mais dovish do que o anterior, indicando que a próxima alta pode ser de apenas 0,50 p.p. em maio, encerrando o ciclo de aperto monetário em 14,75%, abaixo da previsão anterior de 15,25%.”

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