Funcionária da Petrobras reclama de trabalho presencial: “Estresse”

O Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) divulgou nesta 4ª feira (19.mar.2025) um vídeo em que uma funcionária da Petrobras identificada como Luciana Frontin diz estar preocupada com a exigência de retorno ao trabalho presencial. Ela afirma que a mudança tem causado “estresse” e “sintomas físicos” que ela nunca havia sentido antes em 17 anos na estatal.

No vídeo publicado no Instagram, Frontin lê uma carta à Diretoria Executiva da Petrobras. Ela critica o aumento no número de dias de trabalho presencial para 3 por semana (atualmente são 2) e afirma que só a ideia de voltar já estaria afetando sua saúde e produtividade. Ela defende a manutenção do modelo híbrido e pede que qualquer alteração seja negociada com os trabalhadores.

Assista ao vídeo (2min47s):

A funcionária também cita valores institucionais da empresa que, segundo ela, preveem a preocupação com o bem-estar dos funcionários. Não está claro quando o vídeo foi gravado.

O Poder360 entrou em contato com o Sindipetro-RJ para perguntar se a carta lida por Frontin representa oficialmente a posição do sindicato, se outros funcionários assinaram o documento de quando é o vídeo. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

Nas redes sociais, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), compartilhou o vídeo.

Leia a íntegra da carta lida por Luciana Frontin: 

“Só a ideia do impacto de voltar aos 3 dias de presencial já está me deixando preocupada, elevando meu nível de estresse, afetando minha saúde e minha produtividade. A antecipação dos 5 dias já está gerando ansiedade ao ponto de causar sintomas físicos, o que eu nunca senti em 17 anos de empresa.

Eu preciso de um ambiente de trabalho que seja compatível com as minhas necessidades para continuar produzindo de maneira saudável. Para isso, preciso manter um pouco de autonomia para gerenciar meu tempo e conseguir priorizar os cuidados com minha saúde e minha família.

Tem muita gente que, como eu, está sofrendo de ansiedade. Se vamos sacrificar nossa saúde e bem-estar pela empresa, no mínimo isso precisa fazer algum sentido para nós — e não está fazendo. O trabalho híbrido já se mostrou efetivo. Se a diretoria executiva acha realmente necessário mudar, só pedimos que isso seja feito de forma negociada, considerando as necessidades reais dos trabalhadores.

Segundo a nossa cartilha de valores da Petrobras, no que tange ao cuidado com as pessoas, está escrito que o gestor deve:

  • dedicar tempo periodicamente para falar sobre o bem-estar;
  • atentar para a inclusão de pessoas pertencentes a grupos sub-representados;
  • demonstrar empatia ao lidar com as emoções e desafios das pessoas com as quais trabalha;
  • possibilitar que as pessoas expressem suas opiniões, ideias e preocupações.

Por isso, diretora Renata, eu escrevi uma carta aberta à nossa diretora Clarice e gostaria que a senhora a entregasse, por favor.

Eu peço à diretora Clarice, na qualidade de agente de bem-estar, que leve nosso pedido à diretoria executiva, para que as pessoas possam ser ouvidas e para que a empresa considere alternativas de transição ao trabalho presencial. Que as necessidades não só de mães solo, como eu, mas de tantas outras realidades que estão sendo impactadas, sejam avaliadas, para que tenhamos um ambiente mais inclusivo, que possibilite conciliar trabalho e vida pessoal de forma mais eficaz.

É doloroso para mim me sentir numa posição antagônica com a empresa. Por isso, me coloco à disposição para participar de discussões de forma construtiva. Quero trabalhar de forma conciliatória para encontrarmos soluções que atendam às necessidades tanto da empresa quanto dos funcionários.

Muito obrigada pela atenção de vocês.”

ENTENDA O CASO NA PETROBRAS

A diretoria da Petrobras informou em 9 de janeiro de 2025 que iria aumentar de 2 para 3 os dias presenciais dos empregados em teletrabalho, com exceção de PCDs (pessoas com deficiência) e pais de PCDs. De acordo com a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a alteração foi anunciada sem ter tido “qualquer negociação com as entidades sindicais ou consulta à categoria”.

O departamento de Recursos Humanos da Petrobras chamou a FUP para uma reunião para “dúvidas e esclarecimentos” sobre as mudanças. A federação não foi. Afirmou que entende a atitude como uma forma de “desmobilizar” a categoria.

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