Mendonça, do STF, prega pela justiça mesmo com “perseguições”

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça defendeu neste domingo (16.mar.2025) a importância da justiça, mesmo diante de situações de “perseguições”. Ele participou de culto matutino da Igreja Presbiteriana de Pinheiros, em São Paulo.

Mendonça falou por 28 minutos. Durante o culto, destacou trechos do livro do profeta Habacuque, que questiona Deus sobre as injustiças sofridas por seu povo, incluindo a prosperidade dos “ímpios” –termo bíblico usado para se referir àqueles que vivem afastados dos mandamentos divinos e praticam o mal.

“Por que Deus, diante de tanta injustiça, diante de tantas situações de perseguições, não intervém e faz cessar a injustiça e faz cessar as perseguições? Ou ainda, quantas vezes talvez você não tenha se questionado: ‘Por que Deus permite que os ímpios prosperem, se beneficiem, vivam felizes, se realizem?”, falou. 

O ministro respondeu a questão dizendo que o tempo de Deus é diferente do dos seres humanos. Para ele, é preciso praticar a justiça e viver pela fé, com a crença de que Deus irá intervir.

“Não entendemos. Não consigo dar a resposta clara porque Deus tolera a injustiça. O que posso dizer é que Deus está vendo todas as situações. Ele quer que você não pratique a injustiça e quer que você seja justo”, disse.

Assista (24min57seg):

Mendonça dedicou parte do culto para definir o que é justiça e citou 3 filósofos: Jeremy Bentham, John Stuart Mill e Emmanuel Kant. Para ele, a definição de Kant é o que mais se aproxima da justiça de Deus: “Justo é o que é certo, pouco importam as circunstâncias”, segundo o ministro.

“Pouco importam os meus interesses. Justo é fazer o certo. Não é isso que nós ensinamos para os nossos filhos? Façam o certo. Não minta, independentemente das consequências. Eu não consigo ver outro conceito de justiça na Bíblia se não esse: fazer o certo”, declarou.

Mendonça defende que é preciso ser justo em qualquer contexto, mesmo que isso implique em perdas individuais.

“Ame a justiça. Ame o que é certo, acima de todas as coisas. […] Quando você ama essa justiça, pouco importa se você ganhou ou o se você perdeu. O que importa é que a justiça ganha. Isso é ser justo. Não é simples. Nós temos limitações humanas, de conhecimento, de análises, de avaliações, mas é o que Deus requer de nós”, disse.

Leia abaixo trechos do que foi dito pelo ministro:

“Meus irmãos e minhas irmãs, certamente você já se deparou ou já viu ou já experimentou situações de injustiça e de perseguição. O profeta Habacuque era um inconformado diante da injustiça. E talvez você já tenha se perguntado: ‘Por que Deus, diante de tanta injustiça, diante de tantas situações de perseguições, não intervém e faz cessar a injustiça e faz cessar as perseguições? Ou ainda, quantas vezes talvez você não tenha se questionado: ‘Por que Deus permite que os ímpios prosperem, se beneficiem, vivam felizes, se realizem?”.


Deus responde a Habacuque e a resposta de Deus é paradoxal. Ela deixa Habacuque ainda mais confuso. Porque, diante da injustiça que o próprio povo praticava, Deus disse: ‘Vai vir um povo ainda mais ímpio, os babilônicos, os caldeus, e esses (verso de número 6) são uma nação amarga. Eles têm amargura no coração. Eles são impetuosos. Eles não perdoam. Eles vão se apoderar de suas casas, de suas moradas e eles vão fazer (verso de número 7) coisas pavorosas e terríveis. Eles vão usar o seu próprio direito. Eles têm um direito próprio. Eles têm uma forma de compreensão própria da justiça’. Se o povo de Deus sabia o que era certo e estava fazendo errado, os babilônicos entendiam que o errado era o certo. Mentes cauterizadas. Mentes previamente distorcidas. E, à luz deste texto, lá no verso de número 11, Ele diz: ‘Fazem-se culpados estes cujo poder é o seu Deus’. Veja, os babilônicos viriam. E o Deus dos babilônicos era o poder. O povo de Deus se desviando e o povo cujo Deus era o poder vinham e iria atingir o povo de Deus”.


“Outro ramo da filosofia. Emmanuel Kant: ‘Justo é o que é certo, pouco importam as circunstâncias’. Pouco importa se eu vou ganhar ou se eu vou perder. Pouco importam os meus interesses. Justo é fazer o certo. Não é isso que nós ensinamos para os nossos filhos? Façam o certo. Não minta, independentemente das consequências. Não consigo ver outro conceito de justiça na bíblia se não esse: fazer o certo”. 


“Qual é a máxima da justiça baseada na Bíblia? Meu irmão e minha irmã, ame a justiça. Ame o que é certo, acima de todas as coisas. Ame a justiça do próximo, como se fosse a sua própria justiça. Quando você ama essa justiça, pouco importa se você ganhou ou o se você perdeu. O que importa é que a justiça ganha. Isso é ser justo. Não é simples. Nós temos limitações humanas de conhecimento, de análises, de avaliações, mas é o que Deus requer de nós, porque o que viverá pela fé é o justo. A minha pergunta nessa manhã para você: ‘Você quer viver pela fé? Pouco importa se você ganha ou se você perde. Seja justo. Tenha fé, fé em Deus, porque, dessa forma, quando eu olho para as perseguições, quando eu olho para as injustiças e eu vivo pela fé, Deus diz: pratique a justiça, e creia em mim. Creia que eu vou intervir”.

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