Guerra comercial de Trump prejudica economia, diz presidente do BCE

A presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, afirmou que uma guerra comercial em grande escala prejudicaria a economia de todo o mundo, inclusive a dos Estados Unidos. Segundo ela, a redução do comércio global terá “consequências severas”. 

A declaração se deu depois de entrar em vigor nesta semana as tarifas de 25% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), sobre as importações de aço e alumínio. Em resposta, a UE (União Europeia) anunciou “contramedidas comerciais”.

“Qualquer guerra comercial prejudica a economia global. O iniciador, o retaliador, o re-retaliador e assim por diante –todos serão afetados. Isso sempre aconteceu na história do comércio. Alguns países serão mais prejudicados do que outros, alguns verão sua inflação subir mais do que outros, mas todos perdem com isso”, disse Lagarde em entrevista ao programa “HARDTalk” da BBC, divulgado nesta 6ª feira (14.mar.2025). 

Segundo ela, em caso de uma “verdadeira guerra comercial, em que o comércio seria significativamente reduzido”, os preços em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos, seriam afetados.

A presidente do BCE também disse estar preocupada com as ações de Trump. “As decisões dele, as contra-decisões, são motivo de preocupação. São motivo para estarmos extremamente vigilantes. São motivo para monitorarmos, tentarmos projetar e antecipar quais serão as consequências”, afirmou. 

Lagarde afirmou ainda que a disputa com os EUA pode ter um efeito positivo para a Europa.

Sabe o que isso está fazendo no momento? Está despertando a energia europeia. É um grande alerta para a Europa. Talvez este seja um momento europeu, mais uma vez”, afirmou. 

REAÇÃO

A UE implementará suas contramedidas em 2 etapas. “Como os Estados Unidos estão aplicando tarifas no valor de US$ 28 bilhões, estamos respondendo com medidas no valor de 26 bilhões de euros”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na 4ª feira (12.mar). Segundo ela, essa taxação será a partir de 1º de abril.

As medidas europeias têm como alvo produtos industriais norte-americanos, incluindo aço, alumínio, ferramentas domésticas, plásticos e bens de madeira.

Outros produtos afetados são aves, carne bovina, frutos-do-mar, nozes, ovos, laticínios, açúcar e vegetais, sujeitos à aprovação dos países do bloco.

A União Europeia também vai restaurar tarifas sobre produtos simbólicos norte-americanos, como uísque bourbon, jeans e motocicletas Harley-Davidson. Esses produtos já haviam sido tarifados durante o 1º mandato de Trump.

Sempre permaneceremos abertos à negociação. Acreditamos firmemente que, em um mundo repleto de incertezas geopolíticas e econômicas, não é do nosso interesse comum sobrecarregar nossas economias com tarifas”, declarou von der Leyen.

Além da UE, as tarifas também atingem o Brasil, a China, o Canadá, o Japão e a Austrália.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda retaliar os EUA e disse que vai pedir a avaliação de técnicos sobre o que poderia ser feito.

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