Candidato apoiado pelo Brasil é eleito chefe da OEA; país cobra atuação ‘conciliadora’

Atual chanceler de Suriname, Albert Ramdin comandará entidade até 2030. Candidato paraguaio, considerado como ‘pró-Trump’, desistiu da disputa. Apoiado por países como Brasil, Uruguai e Colômbia, o chanceler de Suriname, Albert Ramdin, foi eleito nesta segunda-feira (10) secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O mandato de Ramdin vai até 2030 e, em comunicado divulgado após o resultado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil cobrou do novo chefe da entidade uma atuação “independente” e “conciliadora”.
Criada em 1948 e com sede em Washington (EUA), a entidade deve buscar o aumento da integração entre os países do continente, além de evitar conflitos.
“O Brasil parabeniza Albert Ramdin pela eleição ao cargo de secretário-geral da OEA e deseja-lhe sucesso. O Brasil acompanhou com atenção o processo sucessório para a Secretaria-Geral da OEA. O país considera fundamental que o novo secretário-geral mantenha perfil independente, conciliador e inclusivo, de modo a refletir o interesse de todos os países membros da OEA”, publicou o Itamaraty.
Até a semana passada, também disputava o posto de secretário-geral da OEA o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez. Em comunicado oficial, o presidente do país, Santiago Peña, contudo, anunciou a retirada da candidatura de Ramírez alegando que, “de forma abrupta e inexplicável”, foi avisado de que “países amigos da região” haviam retirado apoio a seu ministro.
Como mostrou o Blog da Daniela Lima, o paraguaio era visto como “pró-Trump”, isto é, um apoiador das ideias do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem anunciado uma série de medidas contra diversos países, como sobretaxas sobre produtos importados e deportação em massa de cidadãos latinos.
Nesse cenário, países como Brasil, Chile, Uruguai e alguns outros organizaram uma articulação diplomática para fazer frente ao nome de Ramírez.
Ainda segundo o blog, a batalha diplomática foi vista como um símbolo da resistência de países de ideologia social-democrata contra Trump e, embora a organização precise de recursos dos Estados Unidos para operar, uma derrota na OEA, com a eventual vitória do chanceler paraguaio, significaria um braço ativo de articulação de Trump na região.
Durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Brasil tem defendido o fortalecimento de organismos multilaterais como fórum de debates entre os países, a exemplo do Mercosul, do Brics, do G20 e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), além da própria OEA.
Eleições no continente
Representantes da OEA costumam atuar como observadores internacionais durante as eleições nos países do continente.
No caso do Brasil, em 2022, por exemplo, a entidade divulgou comunicado no qual disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) demonstrou “alto nível de profissionalismo e solidez”, o que permitiu ao Brasil “realizar com sucesso um processo eleitoral em um contexto complexo, marcado pela polarização, desinformação e ataques às instituições eleitorais”.
Já no caso da Venezuela, cujas eleições presidenciais aconteceram em julho do ano passado e tiveram o resultado contestado por diversos líderes mundiais e organismos internacionais, a OEA disse ter verificado a aplicação, pelo regime de Nicolás Maduro, de um “esquema repressivo” com ações destinadas a “distorcer completamente” o resultado eleitoral por meio de “aberrantes manipulações”.
“O regime de Maduro zombou de atores importantes da comunidade internacional durante estes anos e mais uma vez entrou num processo eleitoral sem garantias, mecanismos e procedimentos para fazer cumprir essas garantias. O manual completo de gestão fraudulenta do resultado eleitoral foi aplicado na Venezuela”, afirmou a OEA na ocasião.
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