Milícia curda declara cessar-fogo a Turquia após 40 anos de guerra

O PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, esquerda) declarou cessar-fogo à Turquia neste sábado (1º.mar.2025), depois de mais de 40 anos de guerra entre turcos e curdos no sudoeste do país. 

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan (Partido da Justiça e Desenvolvimento, direita), disse que o conflito entrou em uma nova fase de “esforços de paz”. Ele, no entanto, rejeitou abrir negociações com o grupo minoritário. 

A declaração do grupo foi feita depois de o líder Abdullah Ocalan, de 75 anos, dar as ordens diretamente da cela de prisão, onde está desde 1999, quando foi capturado por Ancara no Quênia. 

Militantes exigem que Ocalan seja liberto da cadeia para liderar a entrega das armas do grupo às autoridades turcas. 

A declaração do grupo é histórica. A última tentativa de paz entre as partes foi de 2013 a 2015, quando foram interrompidas depois de ambos mutuamente se atacarem. O PKK está em conflito armado contra as autoridades da Turquia desde 1984. 

HISTÓRIA DO CONFLITO ENTRE CURDOS E TURCOS

Os curdos são um grupo étnico de 25 a 35 milhões de habitantes –4º maior grupo étnico do Oriente Médio. Têm idioma e cultura única, assim como outros povos, mas não têm seu Estado reconhecido. A maioria dos curdos vive na Turquia, Iraque, Síria, Irã e Armênia.

O estabelecimento de um Estado Curdo é uma das principais reivindicações dos grupos curdos espalhados pelo Oriente Médio. Na década de 1920, um Estado ao povo foi discutido entre potências da época, mas tratados futuros que delimitaram as fronteiras da atual Turquia ignoraram as exigências.

Hoje, o povo argumenta através do Direito Internacional legitimidade por serem representados por um Estado. Isso, por exemplo, consta em acordos firmados no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas) durante a década de 1960, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, além da Declaração Universal de Direitos Humanos. 

Sob domínio turco, os curdos acusam Ancara de suprimir os seus direitos. A Turquia já proibiu durante o século 20 o idioma, roupas e diversas outras manifestações culturais dos curdos. 

Para reverter a situação, Ocalan criou o PKK em 1978. O grupo adotou a luta armada a partir de 1984. Estima-se que mais de 40.000 pessoas já morreram desde o início do conflito. Os números de vítimas são próximos ao do conflito entre Israel e Hamas, em Gaza.

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Curdos em protestos às mortes causadas por ataques das autoridades turcas

Inicialmente, o PKK dizia lutar em busca da secessão dos curdos da Turquia. O discurso mudou depois de alguns anos. Agora, o grupo afirma batalhar por direitos iguais no Estado turco e pela autonomia cultural do grupo minoritário. 

O PKK é considerado um grupo “terrorista” pelo governo turco e pelos Estados Unidos. Ocalan, um ‘terrorista”. Além da Turquia, eles mantêm bases militares no Iraque, onde lutaram contra o Estado Islâmico. 

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