Criador do Brasilinvest estava na lista de contatos de Epstein

Documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos na 5ª feira (27.fev.2025) relacionados ao caso de Jeffrey Epstein mostram 3 brasileiros em sua lista de contatos: Mario Garnero Jr., Cecília Szajman e um homem identificado apenas como Riccardo.

Os documentos contêm a lista de evidências que a investigação coletou durante as buscas e apreensões, registros de voos para as propriedades de Epstein e uma lista das vítimas que eram submetidas a prestação de trabalhos –a maioria sexuais. Ao todo, somam mais de 300 páginas (leia as íntegras mais abaixo).

Em relação à lista com as vítimas de Jeffrey Epstein, todos os dados foram censurados para preservar a privacidade delas. O único dado que o governo divulgou é o número: 254.

QUEM SÃO OS CITADOS

Mario Garnero Jr., 87 anos, é formado em direito pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e tem várias relações com o mundo empresarial e político. Ele assumiu a diretoria do departamento jurídico da Volkswagen no Brasil em 1970 e, em 1974, a diretoria de relações industriais. Enquanto estava neste cargo, foi um dos responsáveis pela introdução dos carros movidos a álcool no Brasil. Paralelamente às suas atividades na Volks, assumiu a presidência da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em 1974.

Em 1975, Garnero criou o banco de investimentos Brasilinvest, a 1ª agência privada de desenvolvimento instalada no Brasil e a 1ª a ter escritório na China. O banco é sediado na capital paulista.

Segundo sua biografia no site do Brasilinvest, Garnero é amigo de algumas grandes personalidades do cenário internacional, como o ex-secretário de Estado norte-americano George Shultz, o banqueiro David Rockefeller, os ex-presidentes George Bush, Gerald Ford e Valéry Giscard d’Estaing e o ex-chanceler alemão Helmut Schmidt.

A outra brasileira citada na lista de contatos de Jeffrey Epstein é Cecília Szajman, empresária casada com Abram Szajman. Seu marido, 86 anos, é o atual presidente da Fercomércio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) e fundador da VR Benefícios, conhecida somente como VR desde 2022.

Ele também é presidente do Centro do Comércio do Estado de São Paulo e dos conselhos regionais do Sesc (Serviço Social do Comércio) e do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de São Paulo, e vice-presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Copyright

Divulgação/Fecomercio-SP

Abram Szajman, presidente da Fecomércio-SP

Além disso, o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein tem um campus em homenagem a Cecília e Abram em São Paulo, no bairro Morumbi.

A lista divulgada pelo governo dos EUA na 5ª feira (27.fev) também contêm nomes de outras personalidades relevantes, como o ator norte-americano Alec Baldwin, os músicos Mick Jagger e Cortney Love e a modelo Naomi Campbell.

Além deles, a lista de Jeffrey Epstein também continha contatos de políticos, como o ex-secretário de Estado John Kerry, o ex-senador Ted Kennedy e o atual presidente dos EUA, Donald Trump.

Eis as íntegras –em inglês– dos documentos divulgados pelo Departamento de Justiça dos EUA:

  • lista de evidências (PDF – 559 kB);
  • registros de voo 1 (PDF – 10 MB);
  • registros de voo 2 (PDF – 6 MB);
  • registros de voo 3 (PDF – 7 MB);
  • registros de voo 4 (PDF – 7 MB);
  • registros de voo 5 (PDF – 7 MB);
  • registros de voo 6 (PDF – 7 MB);
  • registros de voo 7 (PDF – 6 MB);
  • lista de contatos (PDF – 18 MB);
  • listas de massagistas (PDF – 120 kB).

CASO JEFFREY EPSTEIN

Jeffrey Epstein teve relações sociais com a alta sociedade de Wall Street, integrantes da realeza britânica e personalidades famosas antes de se declarar culpado de exploração sexual de menores em 2008. As acusações que resultaram em sua prisão em 2019 surgiram mais de 10 anos depois de um acordo judicial que lhe conferiu imunidade. Ele morreu na prisão no mesmo ano em que foi preso. A causa da morte foi suicídio por enforcamento.

A acusação alega que, entre 2002 e 2005, Epstein pagava grandes quantias a garotas para irem a suas residências de luxo, onde eram realizados atos sexuais –na maioria das vezes não consensuais– com ele e seus convidados. As jovens também exerciam outros trabalhos, como massagens ou recrutavam outras menores para atividades semelhantes.

Em 2005, Epstein começou a ser investigado depois de a polícia de Palm Beach, na Flórida, receber relatos de abusos sexuais contra meninas menores em sua mansão. O bilionário afirmou em documentos legais que suas interações com as supostas vítimas foram consensuais e que acreditava que elas tinham mais de 18 anos na época.

Com o tempo, várias mulheres alegaram que Epstein as obrigou a prestar serviços sexuais para ele e seus convidados, tanto em sua ilha particular no Caribe quanto nas propriedades que possuía em Nova York, Flórida e Novo México.

O governo começou a liberar parte dos documentos sigilosos nos últimos anos, revelando os nomes de figuras associadas a Epstein, como o ex-presidente Bill Clinton e o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth 2ª. O caso envolvendo Andrew resultou na perda de seus títulos reais.

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