Estudantes de São Bernardo do Campo relatam atrasos com Cartão Legal

Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, tarifa elevada (R$ 5,95) e atrasos nos ônibus são reclamações antigas de quem depende do transporte público. Para os estudantes, a situação é ainda mais complicada devido às restrições do Cartão Legal, um sistema de gratuidade do município que impõe limites de horário e uso exclusivo em até quatro linhas cadastradas.

O Cartão Legal permite gratuidade no transporte municipal, mas só libera a passagem duas horas antes do horário das aulas. Isso afeta principalmente alunos que moram longe das instituições de ensino, dificultando o acesso e causando atrasos.

Anny Alves, 27, fotógrafa e moradora do Jardim Represa, relata que a limitação do Cartão Legal já a fez chegar atrasada nas aulas diversas vezes. Por conta da liberação da passagem ocorrer a partir das 17h, a estudante explica que, na metade do caminho, o trânsito congestionado na região central complica o fim do trajeto.

“Estudo no Rudge Ramos, praticamente na outra ponta da cidade, e por conta do horário, eu pego o [horário de] pico e simplesmente tudo trava no centro da cidade”, conta.

Ao solicitar o cartão, o estudante precisa informar até quatro linhas específicas, que devem realizar o trajeto até o local de estudo. Se tentar usar outra linha, o cartão é bloqueado. O benefício é restrito apenas a essas linhas, sendo inválido em outros ônibus.Estudantes relatam que isso se complica em dias com imprevistos e congestionamento, pois impede outras alternativas de trajetos.

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Anny também menciona que já perdeu boa parte das primeiras aulas devido a atrasos imprevistos.

‘Já cheguei quase no fim do primeiro período. Também já houve vezes em que, quando estava mais ou menos perto, desci do ônibus e fui a pé, porque estava impossível’

O problema não se restringe aos moradores das áreas mais afastadas da cidade. Fernando Sancho, 19, estudante que mora em um bairro próximo ao centro, enfrenta os mesmos problemas. “Existe um fenômeno aqui em São Bernardo: o Paço simplesmente trava, e nada anda. A Faria Lima trava, a Lucas (via) trava, e a cidade para”, relata.

Fernando acrescenta que, em dias de chuva, a situação se agrava, pois, além do trânsito, os ônibus circulam de forma ainda mais lenta.

“O que deveria ser uma viagem de 30 minutos dura quase uma hora e meia ou até mais. É muito frustrante tentar se mover nessa cidade”, lamenta.

Regras do Cartão

Para ter acesso ao benefício, o estudante precisa comprovar matrícula em uma instituição de ensino e pagar uma taxa equivalente a até cinco tarifas vigentes (R$ 29,75).

Além disso, é necessário comparecer mensalmente ao terminal João Setti (R. Domingos João Balotim, 80 – centro) ou outro ponto onde haja uma unidade de atendimento, para recarregar o cartão, apresentando um carimbo atualizado da instituição.

A gestão municipal foi questionada sobre o Cartão Legal e informou que as regras relacionadas ao benefício estão previstas no Decreto Municipal 20.433/2018. “A utilização deverá ocorrer dentro das linhas e horário declarados no formulário entregue pelo aluno no ato do cadastramento/recadastramento”, diz o decreto.

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Questionada, a prefeitura afirma que não há qualquer limitação de tempo ou de linhas para o uso do cartão. Sobre se a empresa BR7, responsável pela gestão do Cartão Legal, poderia ter colocado regras que limitam o acesso a duas horas e a poucas linhas de ônibus, a gestão municipal não respondeu.

Foram feitas diversas tentativas de contato com a BR7 para obter esclarecimentos sobre a questão, mas a empresa não retornou com nenhuma resposta até o fechamento desta matéria.

Agência Mural

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