Mãe de vítima da Boate Kiss morre em meio à busca pela justiça

Homenagem dos familiares das vítimas realizada na noite de 26/1/25Reprodução/Instagram

Morreu, nesta sexta-feira (21), Veleda Ames, mãe de Alexandre Ames Prado, uma das 242 vítimas da tragédia na Boate Kiss. A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) divulgou a nota de falecimento nas redes sociais.

No seu perfil, Veleda sempre compartilhava conteúdos sobre o caso e fotos do filho, que morreu aos 19 anos. Na época, ele estudava jornalismo na Universidade Franciscana, na mesma cidade do incêndio.

Portal iG tentou contato com a AVTSM para conversar sobre como estão os pais das outras vítimas e quais tem sido as suas últimas ações em busca de Justiça. O espaço segue aberto.

Veleda era mãe de Alexandre, que morreu aos 19 anos no incêndioReprodução/redes sociais

12 anos da tragédia na Boate Kiss

A tragédia, considerada uma das maiores do Brasil, completou 12 anos em 2025. Ela ocorreu durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira – o cantor utilizou um dispositivo pirotécnico, que entrou em contato com os revestimentos de espuma colocados irregularmente no teto do local. A maioria das vítimas sofreu asfixia devido a gases tóxicos liberados pela queima.

Quatro pessoas foram condenadas pelo incêndio na casa noturna: Elissandro Callegaro Spohr (sócio da boate); Mauro Londero Hoffmann (sócio da boate); Luciano Bonilha Leão (produtor da banda); e Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista da banda).

Veja as últimas atualizações

Nesses 12 anos, o caso teve muitas reviravoltas na Justiça, mas até hoje não foi encerrado de forma definitiva.

Em 10 de dezembro de 2021, os quatro réus foram condenados pelo Tribunal do Júri por dolo eventual nos 242 homicídios consumados e 636 tentados. Quatro dias depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a prisão dos acusados, que havia sido decretada na sentença, mas estava suspensa por um habeas corpus preventivo concedido por um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS).

Em 3 de agosto de 2022, a 1ª Câmara Criminal do TJRS anulou o julgamento e determinou a soltura dos réus. O MPRS tentou reverter a decisão, a partir de embargos. Em 11 de maio de 2023, a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu o restabelecimento da condenação, mas, em 5 de setembro, o STJ confirmou a anulação do júri por quatro votos a um, sob o argumento de ter identificado irregularidades no julgamento de 2021.

Em 12 anos, caso teve várias reviravoltas na JustiçaAgência Brasil

Diante da decisão, o MPRS anunciou, em 22 de setembro de 2023, os promotores que atuariam em um novo julgamento, marcado para 26 de fevereiro de 2024. Entretanto, em 11 de dezembro, o MPRS solicitou a suspensão temporária do novo júri, argumentando que era necessário aguardar uma decisão do STF sobre o recurso extraordinário.

Em 9 de fevereiro de 2024, o ministro Dias Toffoli atendeu ao pedido e suspendeu o julgamento até que o STF analisasse os recursos apresentados pelo MPRS e pelo Ministério Público Federal (MPF).

A reviravolta no caso ocorreu em 2 de setembro de 2024, quando o STF julgou os recursos e restabeleceu a condenação dos quatro réus, que foram presos novamente. Em 4 de fevereiro de 2025, a Segunda Turma do STF reiterou a validade do júri de 2021, o que consolidou a decisão que manteve as penas dos condenados.

Com isso, as penas ficaram as seguintes:

  • Elissandro Spohr: condenado a 22 anos e 6 meses de prisão por homicídios dolosos e tentativa de homicídio;
  • Mauro Hoffman: pena de 19 anos e 6 meses de prisão pelos mesmos crimes;
  • Marcelo de Jesus dos Santos: condenado a 18 anos de prisão;
  • Luciano Bonilha: também foi sentenciado a 18 anos de prisão.
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