Eataly consegue suspender na Justiça ordem de despejo de prédio em SP

O Eataly ganhou mais um respiro no desafio de recompor seus negócios, o que envolve um processo de recuperação judicial aberto no final de 2024. Na noite da quarta-feira, 19, a ordem de despejo contra a empresa foi suspensa. Essa é a segunda vez que o Eataly consegue segurar uma determinação da Justiça para que desocupe o imóvel onde opera atualmente, na avenina Juscelino Kubitschek, em São Paulo.

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A decisão considerou justamente a recuperação judicial do Eataly em curso para a suspensão da ordem de despejo, uma vez que o prédio seria fundamental para a operação da empresa.

“…o imóvel objeto da ação de despejo é a única loja física das recuperandas, e que, se houver a desocupação, não haverá mais chances de recuperação. De conseguinte, haveria a imediata rescisão de vários contratos de trabalhos”, argumenta o desembargador relator do processo Sérgio Shimura na decisão, se referindo também ao risco de demissões.  “Na medida em que o juízo da recuperação judicial já foi comunicado, por diversas vezes”, diz ainda.

Procurado pela IstoÉ Dinheiro para comentar a decisão, o Eataly diz que segue se dedicando à continuidade das operações e que “confia em um desfecho positivo” para o processo judicial. “A empresa segue focada no desenvolvimento e no crescimento sustentável do negócio, adotando todas as medidas necessárias para garantir a preservação de suas atividades”, alega a nota (confira a íntegra abaixo).

Segundo a dono do imóvel, a Caoa Patrimonial, o Eataly não tem cumprido com o pagamento do aluguel do imóvel, bem como com a manutenção do prédio e o pagamento de IPTU e contas de consumo. Na decisão pelo despejo, a varejista tinha até o dia 28 deste mês para desocupar o prédio.

O primeiro pedido de despejo feito pela proprietária foi em agosto. A última decisão, até então, tinha como prazo o dia 21 de janeiro deste ano para a saída do local. Quando o Eataly então conseguiu a suspensão do pedido argumentando com o processo de recuperação judicial. A IstoÉ Dinheiro tenta contato com a Caoa Patrimonial.

O Eataly no Brasil passa por um período conturbado. A disputa sobre a ocupação do prédio onde opera se dá em meio à perda do direito de usar a marca italiana no país, outro processo judicial em andamento, mas sob segredo de justiça.

A empresa – que tem 10 anos de história no país – está em seu terceiro grupo de gestores. Hoje os responsáveis são o fundo Wings e um family office, com a operação liderada pelo CEO Marcos Calazans, que está tendo que lidar com um processo de recuperação judicial iniciado com dívidas somando os R$ 55 milhões. Segundo a empresa, R$ 20 milhões foram quitados e a operação segue cumprindo seus compromissos financeiros.

A franquia foi trazida para o Brasil pelo Grupo St Marche, dono da rede de supermercado de mesmo nome e pelo Empório Santa Maria, sob a gestão de Bernardo Ouro Preto e Victor Leal.

O Eataly ficou sob o comando do St Marche até 2022, quando passou para o controle da operadora multimarcas SouthRock, que carregava a expertise do varejo alimentar, sendo a responsável por Starbucks, Subway e TGI no Brasil, além da BAR (Brazil Airport Restaurants), focada em alimentação em aeroportos.

Contudo, em 2023, a Southrock entrou em recuperação judicial, alegando dívidas de R$ 1,8 bilhão. O Eataly não foi incluído no processo de recuperação da SouthRock, e pouco depois passou para a gestão da Wings

Confira a nota do Eataly na íntegra:

O Eataly informa que obteve decisão favorável no Tribunal de Justiça de São Paulo, que suspendeu imediatamente a ordem de despejo de sua única loja física no Brasil interposto pela locadora Caoa Patrimonial Ldta.

A decisão da justiça reforça que a desocupação inviabilizaria a recuperação da companhia, impactando diretamente as operações e resultando na rescisão imediata de diversos contratos de trabalho.

Destacamos que temos quase 300 funcionários diretos e, ao considerar nossos prestadores de serviços, fornecedores e as famílias que dependem do nosso trabalho, esse número ultrapassa 2.000 pessoas, com as quais seguimos comprometidos.

O Eataly reafirma sua dedicação à continuidade das operações e confia em um desfecho positivo para o processo judicial. A empresa segue focada no desenvolvimento e no crescimento sustentável do negócio, adotando todas as medidas necessárias para garantir a preservação de suas atividades.

Estamos firmes em nosso propósito de sermos um verdadeiro polo gastronômico, oferecendo produtos de altíssima qualidade e proporcionando uma experiência única a todos os nossos públicos.

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