Alemanha diz não aceitar inferência externa após fala de Vance

O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz (SPD, centro-esquerda), rebateu neste sábado (15.fev.2025) os comentários feitos pelo vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance (republicano), sobre a Europa. O chanceler declarou que não aceitará que “estrangeiros” interfiram na política do país.

“Não aceitaremos que estrangeiros interfiram na nossa democracia, eleições e na formação de opinião”, declarou Scholz durante sua participação na Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha.

A fala do chanceler refere-se ao apoio demonstrado pelo vice-presidente norte-americano ao partido AfD (Alternativa para a Alemanha, direita), a poucos dias da eleição para primeiro-ministro. Em seu discurso na Conferência de Munique, na 6ª feira (14.fev), Vance criticou os países europeus por “se afastarem dos valores fundamentais”, afirmando que os governos ignoram “as preocupações dos eleitores” sobre imigração e liberdade de expressão.

No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, afirmou à imprensa que a liberdade de expressão é garantida na Europa, em resposta à declaração de Vance. O francês também declarou que os países não são obrigados a seguir o modelo democrático europeu.

“Ninguém pode impor o seu modelo de democracia a nós”, disse Barrot.

Assista ao discurso de J.D. Vance (19min55s):

Eis os principais pontos do discurso de Vance:

  • Ameaça interna

“A ameaça com a qual mais me preocupo em relação à Europa não é a Rússia, nem a China, nem nenhum outro ator externo. O que me preocupa é a ameaça interna, o recuo da Europa de alguns de seus valores mais fundamentais.”

  • Crítica a imigrantes

“Nenhum eleitor neste continente foi às urnas para abrir as comportas para milhões de imigrantes sem controle.”

  • Valores fundamentais 

“A democracia repousa no valores fundamentais de que a voz do povo importa. Ou você defende o princípio ou não.”

  • Censura de quem tem “ponto de vista diferente” nas redes sociais 

“Parece que têm cada vez mais um antigo interesse arraigado, escondido atrás de palavras da era soviética, como ‘desinformação’. Isso simplesmente por não gostarem da ideia de que alguém com um ponto de vista diferente possa expressar uma opinião diferente.”

  • “Preocupações” dos eleitores não são consideradas

“Nenhuma democracia sobreviverá a dizer a milhões de eleitores que seus pensamentos e preocupações, suas aspirações, seus apelos por alívio são inválidos e indignos de sequer serem considerados. Se você está concorrendo com o medo de seus próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por você.”

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