Elden Ring Nightreign – Preview

Se você é um fã da FromSoftware, provavelmente vai admitir que ficou confuso e entusiasmado quando Elden Ring Nightreign foi revelado. Anunciado como um título cooperativo standalone, uma espécie de spin-off ambientado em um universo pararelo do aclamado Jogo do Ano de 2022, o game foi uma das maiores surpresas do evento, mas também gerou uma série de questionamentos. Afinal, o que exatamente seria Elden Ring Nightreign?

Foi com essa mistura de empolgação, curiosidade e dúvida que o PSX Brasil embarcou, a convite da Bandai Namco, para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde participamos de um hands-on de cerca de cinco horas com o jogo. Ao final dessa experiência, não apenas entendemos melhor a proposta da FromSoftware, mas saímos com uma impressão bastante positiva de que, embora ainda utilize sua fórmula consagrada como maior referência, essa tem tudo para ser uma aposta bastante interessante da desenvolvedora.

De maneira geral, Elden Ring Nightreign pode ser descrito como uma espécie de soulslike de sobrevivência com elementos de roguelite. Ou seja, apesar de muitas mecânicas de combate e exploração de Elden Ring terem sido preservadas, o título acrescenta uma camada maior de urgência, ao incorporar elementos de aleatoriedade em uma corrida constante contra o tempo.

Quem acompanha o trabalho da FromSoftware há mais tempo sabe que não é a primeira vez que a desenvolvedora japonesa flerta com a mecânica de aleatoriedade em seus jogos. As Chalice Dungeons de Bloodborne certamente serviram como referência para o desenvolvimento de Elden Ring Nightreign, mas agora surgem em uma escala ainda maior, com a inclusão de inimigos lendários de outros títulos soulslike. Qualquer fã que tenha assistido ao trailer de revelação ficou impressionado com a aparição do Rei Sem Nome montado em seu dragão, algo que, sem dúvidas, abre um enorme leque de possibilidades para o jogo.

A estrutura de gameplay segue um ciclo de três dias. A duração estimada para completar uma jornada com sucesso gira em torno de 45 minutos. A cada nova aventura, os três jogadores são pareados por meio de um sistema de matchmaking na mesa-redonda, no qual podem escolher sua classe preferida. Ao todo, oito classes estão previstas para a versão final do jogo, mas nesta prévia, apenas quatro estavam disponíveis.

Cada classe vem com equipamentos, estatísticas e habilidades iniciais predeterminados. Daquelas que tivemos acesso, o Wylder se destaca como a mais equilibrada. Seu equipamento inicial é um conjunto de espada e escudo, e sua habilidade básica inclui um gancho, capaz de puxar inimigos menores e reduzir a distância entre eles. Como sua habilidade suprema, o Wylder pode disparar um explosivo, capaz de causar dano massivo aos inimigos.

A Duchess é uma classe focada na mobilidade. Equipada inicialmente com uma adaga, ela se torna a opção mais viável para ataques críticos. Sua habilidade primária replica o último dano causado pelo grupo em um curto período, permitindo uma coordenação estratégica para maximizar o dano contra os chefes. Já sua habilidade suprema confere uma espécie de invisibilidade, sendo útil tanto para evitar confrontos quanto para surpreender adversários com um golpe crítico.

O Guardian foi a classe com a qual melhor nos adaptamos durante os testes. Seu equipamento padrão inclui um escudo pesado e uma alabarda. Embora sua movimentação seja um pouco mais lenta, sua habilidade primária consiste em um giro com suas asas que lança os inimigos ao ar, o que é extremamente útil para o controle de grupos. Com sua habilidade suprema, o Guardian sobe aos céus e, de lá, desce em um golpe devastador em direção ao solo, uma forma eficaz de causar dano aos chefes e eliminar vários inimigos inferiores.

A última classe é a Recluse, a feiticeira do grupo. Embora comece com uma vitalidade baixa, sua reserva de PF permite conjurar uma boa quantidade de feitiços, o que pode ser uma estratégia eficiente para vencer mais rapidamente os primeiros confrontos. Sua habilidade primária canaliza elementos para lançar uma magia poderosa, enquanto sua habilidade suprema marca um inimigo, fazendo com que ele sofra mais dano de todo o grupo por um curto período.

Após a escolha das classes, os Nightfarers são transportados por uma águia para um área gerada aleatoriamente. Assim que aterrissam, eles têm acesso imediato ao mapa para verificar a localização de pontos de interesse e identificar os locais de graça. A exploração é livre, mas também deve ser feita com precaução, principalmente pela disparidade de níveis de alguns inimigos e pela limitação de tempo imposta pelo cerco da noite.

De imediato, é possível perceber as mudanças na movimentação dos personagens, que agora correm com muito mais agilidade, ganham impulso ao pular pelas bordas e não sofrem dano por queda. Correntes de ar, localizadas em pontos específicos do mapa, servem para subir mais rápido pelos penhascos, e uma águia pode ser encontrada para ser utilizada como transporte para cobrir maiores distâncias com facilidade.

Essas alterações podem ser vistas como polêmicas pelos veteranos dos jogos soulslike, mas fazem parte de uma adaptação necessária, dada a urgência que o ciclo de gameplay que Elden Ring Nightreign oferece.

Durante a exploração, o grupo será alertado por uma mensagem sobre a intensificação do cerco da noite, que funciona de maneira similar a um fechamento em jogos battle royale. Ele força os jogadores a se moverem em direção a uma região central do mapa para a batalha final, após um tempo determinado. Ficar preso na escuridão causa perda constante de vitalidade, muitas vezes resultando em uma morte rápida, por isso é essencial investir na exploração para fortalecer o personagem, mas sem perder de vista o avanço do círculo de fogo à medida que ele se fecha.

Embora essa mecânica possa parecer confusa e até ambígua em alguns momentos, ela se torna mais intuitiva com o tempo. O mapa, gerado de forma aleatória, possui uma dimensão similar à região de Limgrave, mas apresenta padrões que, uma vez reconhecidos, possibilitam uma abordagem mais estratégica para obter os melhores itens e aprimorar os personagens de maneira que cada jornada seja mais eficiente.

Cada ponto explorado pode revelar baús com armas melhores e itens consumíveis. Esse loot possui diferentes níveis de raridade, e é compartilhado entre os jogadores, por isso, é fundamental manter alguma forma de comunicação para definir a melhor maneira de distribuí-lo.

A maioria das masmorras e acampamentos conta com inimigos e subchefes familiares para quem jogou Elden Ring. Alguns dos subchefes encontrados incluem o Bastardo Leonino, o Cavaleiro do Crisol, Gigantes e outros mais. Ao serem derrotados, eles concedem uma recompensa individual, que pode ser escolhida por cada Nightfarer. Esse espólio pode variar entre armas, cajados, talismãs e até habilidades passivas que aprimoram o ataque e a defesa do personagem.

A morte em Elden Ring Nightreign funciona de forma diferente, mas ainda assim impõe sua punição. Sempre que um aliado cair em batalha, ele pode ser revivido por outros membros do grupo, que precisam atacar seu corpo. Uma barra sobre o personagem abatido indica a quantidade de dano necessária para ressuscitá-lo. A cada morte, essa barra aumenta, tornando quase impossível reviver o personagem durante as batalhas após um certo ponto.

Se o tempo para reviver um companheiro se esgotar, ele poderá renascer no último local de graça encontrado, mas perderá um nível de personagem e precisará voltar até o lugar de sua morte para recuperar as runas perdidas. A exceção ocorre quando todo o grupo é eliminado durante a batalha final de cada dia. Nesse caso, a aventura é encerrada e todo progresso pelo mapa é perdido.

Todo esse processo se torna ainda mais punitivo, pois cada nível de personagem conquistado traz melhorias significativas. Subir de nível é simples e direto: basta interagir com um ponto de graça e escolher a opção para isso. Não é necessário distribuir os atributos como em um soulslike tradicional; o jogo faz a alocação automática das estatísticas, ajustando-as de acordo com as características de cada classe.

Ainda que isso possa parecer restritivo à primeira vista, Elden Ring Nightreign oferece uma boa flexibilidade na escolha de itens e armas. Não há grandes limitações sobre qual classe pode usar o que. Claro que os personagens são mais efetivos dentro de suas características, mas até mesmo armas que parecem inúteis podem se revelar vantajosas, pois suas habilidades passivas são ativadas, mesmo que a arma esteja guardada no inventário.

O lado negativo é que as cinzas da guerra, as magias, os encantamentos e as habilidades das armas aparentemente são fixas, o que significa uma certa dependência do fator sorte para encontrar itens que favoreçam uma build ou estilo de jogo. Por outro lado, essa aleatoriedade na geração dos itens adiciona um excelente fator replay, garantindo que cada aventura seja diferente.

Vencer o último dia da jornada não é uma tarefa fácil, e quem imaginava que Nightreign seria uma experiência tão simples quanto enfrentar um chefe em Elden Ring com a ajuda de dois amigos pode se surpreender. A maneira como o cerco da noite limita o progresso garante que as lutas nunca ocorram em condições nas quais o jogador sinta que está muitos níveis acima do recomendado.

Das várias aventuras que jogamos, poucas foram as vezes em que realmente estivemos totalmente preparados para enfrentar o chefe final do dia. Na verdade, são essas batalhas finais que mostram como o jogo ainda mantém características marcantes dos soulslike.

No primeiro dia, duas batalhas poderiam aparecer como a final. Uma delas era contra um inimigo icônico de Dark Souls: a Centipede Demon. Totalmente remodelada para Elden Ring Nightreign, essa versão do chefe apresenta novos padrões de ataque, mas também preserva o tradicional salto que impacta o chão, além das partes de seu corpo que se destacam e perseguem os combatentes.

A outra possibilidade era enfrentar uma dupla de semi-humanos de Elden Ring. A Rainha Semi-Humana utiliza ataques mágicos, enquanto o Espadachim Semi-Humano se move rapidamente e causa efeitos de congelamento com seus golpes. Essa batalha exige uma boa sincronia do grupo para priorizar apenas um alvo, pois minions também são convocados com frequência, aumentando o desafio.

Ao final do primeiro dia, o cerco da noite retorna ao seu estado inicial, mas os inimigos surgem com maior frequência e se tornam mais desafiadores. As armas e consumíveis de maior raridade podem aparecer com mais regularidade, e evoluir sua arma favorita com o mercador, que é encontrado em locais aleatórios do mapa, passa a ser uma estratégia vantajosa.

O final do segundo dia culmina em uma batalha contra Margit, o Agouro Caído, um dos chefes iniciais de Elden Ring. Essa foi uma luta que se provou bastante difícil, e até mesmo uma equipe bem coordenada ainda pode sofrer para superá-la nas primeiras tentativas.

Chegar ao final do terceiro é uma tarefa extremamente desafiadora. De acordo com a Bandai Namco, completar a jornada com sucesso revela momentos-chave da história. Além disso, existe um sistema de progressão a cada tentativa frustrada. Ao término de cada aventura, o jogador recebe relíquias que podem ser equipadas antes de iniciar um novo ciclo.

Na mesa-redonda, além de um altar para customizar essas relíquias e uma arena de treinamento, também é possível interagir com os personagens para possivelmente obter mais detalhes sobre o lore. Além disso, há algumas salas que estavam fechadas durante o teste, que sugerem que mais funcionalidades podem estar presentes na versão final do game.

Por mais que a FromSoftware tenha confirmado que não planeja fazer de Elden Ring Nightreign um jogo de serviço, inclusive reforçando que não haverá passes de batalha ou microtransações, a estrutura de gameplay e a possibilidade expandir o universo com mais inimigos icônicos de outros jogos da desenvolvedora criam uma base sólida para que o título se torne um verdadeiro playground para os fãs de soulslike.

Estamos ansiosos por mais novidades e para acompanhar a reação da comunidade durante o teste de rede que ocorrerá nos próximos dias. Pelo que tivemos a oportunidade de experimentar nessas cinco horas, Elden Ring Nightreign tem tudo para ser mais um ótimo game da FromSoftware. O jogo está programado para ser lançado em 30 de maio de 2025 para o PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series, Xbox One e PC.

O PSX Brasil gostaria de agradecer a Bandai Namco pela oportunidade de participar da prévia de Elden Ring Nightreign.