“Conversa de boteco”, diz CGU sobre índice de percepção de corrupção

O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinícius Marques de Carvalho, disse que a análise do Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional era uma “conversa de boteco”. O levantamento, divulgado na 3ª feira (11.fev.2025), mostrou o país na 107ª posição, de 180, no ranking de transparência, sendo esta a sua pior colocação.

Em entrevista à Globo News, Marques criticou o método de análise realizado pela ONG. “A Transparência Internacional fala que a percepção da população brasileira sobre o combate à corrupção é menor porque o presidente Lula fala pouco disso em discurso, mas de onde eles tiraram isso? Qual a correlação de uma coisa com a outra? Desculpe, mas isso é conversa de boteco”, afirmou.

  • o que avalia a Transparência Internacional – o IPC ou Índice de Percepção da Corrupção mede a impressão de especialistas e empresários sobre o nível de corrupção no setor público de cada país. São atribuídas notas em uma escala de 0 a 100. Quanto maior a nota, melhor é a percepção de integridade –a do Brasil foi 34. É uma compilação de opiniões. Para um levantamento com algum grau de confiabilidade, seria necessário fazer uma avaliação rigorosa sobre os resultados das investigações sobre corrupção em cada país, e sobre o empenho e a independência de quem investiga. Leia a íntegra do relatório (PDF – 15,8 MB).

Segundo o ministro da CGU, a métrica de análise do ranking “não faz sentido” por utilizar índices diferentes para comparar os países. Ele afirmou que o índice não deve ser visto como uma medida de combate à corrupção, mas sim como uma “pesquisa de opinião”.

“A comparação entre países é estranha, pois o pacote de índices para avaliar cada país varia. Então, na minha opinião, é complicado usar métricas distintas, isso nem deveria ser feito. Esse não é uma medida de combate à corrupção, mas sim de percepção, uma pesquisa de opinião”, disse.

Divergências nos Critérios de Avaliação

O líder da CGU afirmou ainda que, nos 4 pontos do levantamento em que o Brasil apresentou piora, as análises da Transparência Internacional foram feitas com base na opinião de empresários e executivos. Segundo ele, isso levou a um erro de entendimento.

“Foram feitas perguntas singelas, como ‘No seu país tem corrupção? Fale sim ou não e dê uma nota’. Depois disso, a Transparência faz a análise dela com base nas respostas. Isso leva ao erro das pessoas acharem que o Brasil caiu de nota por conta dos temas que a Transparência cita na análise, mas uma coisa não tem a ver com a outra”, declarou.

RANKING PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO

O Brasil perdeu 2 pontos e caiu 3 posições no ranking em relação ao resultado de 2023. O melhor resultado havia sido registrado em 2012, ano em que teve início a série histórica, e em 2014 –obteve 43 pontos e ficou em 69º nos 2 anos.

O índice de 2024 é liderado pela Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88), Singapura (84), Nova Zelândia (83) e, empatados com 81 pontos, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Do outro lado do ranking estão Sudão do Sul (com 8 pontos), Somália (9), Venezuela (10), Síria (12) e, empatados com 13 pontos, Guiné Equatorial, Eritreia, Líbia e Iêmen.

“Em 2024, o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. Ao contrário, o que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência de que estamos entrando no estágio avançado desse processo vai se tornando clara: a presença cada vez maior e explícita do crime organizado nas instituições estatais, que anda de mãos dadas com a corrupção”, disse Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional – Brasil, no documento divulgado pela ONG com os resultados do levantamento.

Leia mais sobre o Índice de Percepção de Corrupção aqui.

 

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