Dólar ronda estabilidade ante o real antes de dados de emprego dos EUA

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista rondava a estabilidade ante o real nesta sexta-feira, a caminho de uma queda semanal, à medida que os investidores demonstravam cautela antes da divulgação do relatório de emprego de janeiro nos Estados Unidos, que pode moldar a trajetória da taxa de juros.

Às 9h48, o dólar à vista caía 0,03%, a 5,7631 reais na venda. Na semana, a moeda acumula perda de 1,24%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,10%, a 5,792 reais na venda.

Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,49%, a R$5,7649, a menor cotação desde 18 de novembro do ano passado.

Nesta manhã, todas as atenções dos mercados globais estão voltadas para a publicação de dados de emprego da maior economia do mundo, uma vez que buscam indícios sobre o espaço que o Federal Reserve ainda possui para reduzir a taxa de juros, após os membros interromperem o afrouxamento monetário em janeiro.

Economistas consultados pela Reuters preveem que os empregadores norte-americanos criaram 170.000 vagas de trabalho fora do setor agrícola em janeiro, de 256.000 em dezembro. A taxa de desemprego deve ficar inalterada em 4,1%.

Um resultado acima do esperado, como já ocorreu com o relatório da ADP sobre o setor privado dos EUA na quarta-feira, reforçará a percepção de resiliência do mercado de trabalho, o que, possivelmente, levará os agentes financeiros a reduzirem ainda mais as apostas em cortes de juros neste ano.

No momento, operadores precificam completamente que o Fed reduzirá os juros em alguma reunião até julho, mas a possibilidade de um segundo corte ainda divide os mercados.

“O payroll dos EUA de hoje será, sem dúvida, a chave para os mercados de câmbio. Uma decepção na criação de empregos ou uma revisão para baixo nos números anteriores pode reacender as expectativas de dois cortes de juros pelo Fed este ano”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Uma perspectiva de menor afrouxamento monetário pode manter os rendimentos dos Treasuries elevados, o que tende a favorecer o dólar.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,17%, a 107,840.

Para além do relatório de emprego, os mercados ainda aguardam novas notícias sobre o atual impasse comercial entre EUA e China, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses nesta semana, o que gerou retaliação por parte de Pequim.

Trump havia imposto também tarifas de 25% sobre México e Canadá, mas suspendeu a medida por 30 dias na segunda-feira após os líderes dos dois vizinhos prometerem um controle mais rígido de suas fronteiras com os EUA.

Na cena doméstica, investidores analisavam comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que concedeu entrevista à Rádio Cidade, de Pernambuco, mais cedo. Ele afirmou que políticas do governo para levar o dólar a um “patamar mais adequado” terão reflexo em preços nas próximas semanas.

Na véspera, comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram mal recebidos pelo mercado, com o chefe do Executivo afirmando que a inflação está “totalmente controlada”, apesar de números recentes que colocaram o nível da alta dos preços acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central — de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

(Edição de Camila Moreira)

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