Dólar recua em linha com emergentes em meio a sessão fraca em notícias

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista tinha leve baixa ante o real nesta quinta-feira, devolvendo os ganhos de mais cedo, uma vez que os investidores pareciam atentos aos fluxos vistos nos mercados globais para direcionar o preço da moeda norte-americana no Brasil em meio à falta de notícias relevantes e de impulsionadores no pregão.

Às 12h07, o dólar à vista caía 0,23%, a R$5,7802 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,40%, a R$5,798 na venda.

Os investidores voltavam suas atenções para o cenário externo nesta sessão, onde, apesar de ganhar sobre seus pares fortes, a divisa norte-americana perdia ou rondava a estabilidade frente a moedas emergentes, o que parecia moldar seu desempenho no mercado brasileiro.

Em favor dos países emergentes estava a alta dos preços do petróleo e uma contínua percepção de que as ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, são mais uma tática de negociação para atender a interesses norte-americanos do que uma preocupação real.

Com isso, o dólar recuava ante o peso colombiano e o peso chileno e rondava a estabilidade frente ao peso mexicano.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas –, por outro lado, subia 0,23%, a 107,900.

“Os movimentos de hoje parecem ser impulsionados mais por fluxos do que por notícias, visto que as últimas, na verdade, são consistentes com o fortalecimento do dólar”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Moutinho se referiu a declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que disse na véspera que o governo não vai pedir ao Federal Reserve que reduza a taxa de juros, como havia sido prometido por Trump na primeira semana do mandato.

O comentário ajudava a elevar os rendimentos dos Treasuries, o que, normalmente, favorece o dólar de forma ampla.

No entanto, ainda há cautela em relação ao recente conflito comercial entre EUA e China, uma vez que Trump impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses, o que gerou retaliação por Pequim, com um acordo — como Trump obteve com México e Canadá — ainda parecendo distante.

Mais cedo, quando o dólar avançava sobre seus pares emergentes, o real foi pressionado, com a moeda norte-americana atingindo a máxima do dia de R$5,8239 (+0,52%), às 9h14.

No cenário doméstico, vale destacar também a forte desvalorização do dólar ante o real neste ano por conta do que alguns analistas apontam como níveis exagerados que a moeda dos EUA atingiu no ano passado, na esteira de temores com o cenário fiscal brasileiro.

Apesar da alta da véspera, que interrompeu uma sequência de doze sessões consecutivas de perdas para a divisa dos EUA, o dólar ainda acumula baixa de mais de 6% frente ao real em 2025.

As atenções dos investidores se voltarão em breve para o relatório de emprego de janeiro dos EUA, a ser divulgado na sexta-feira.

(Edição de Isabel Versiani e Camila Moreira)

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