‘O Brasil que deu certo’: como frase Parreira virou bordão e um negócio de memes

“A CBF é o Brasil que deu certo”. A frase dita pelo então coordenador técnico da seleção Brasileira de Futebol, Carlos Alberto Parreira, em 2014, meses antes do Brasil perder de 7 a 1 da Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, foi motivo de críticas desde o momento que foi dita pelo técnico do tetracampeonato da Copa do Mundo. 

Poucos imaginavam que aquela frase poderia ser reinventada e, 10 anos depois, ser relacionada com a cultura popular brasileira. Mas foi isso que os jornalistas Ciro Hamen e Matheus Laneri fizeram quando criaram o canal “O Brasil que deu certo” no Youtube em 2015. 

Por conta da falta de conteúdo no canal, que focava em entrevistas, em 2016 foi criada a página no Facebook para compartilhar memes que celebram momentos que a dupla gosta de chamar de cultura muito popular brasileira, como o vídeo da população indignada com a falsa dupla de palhaços Patati e Patatá. Hoje o canal conta com mais de 200 mil inscritos e a dupla também lançou uma loja com produtos próprios. 

“O Ciro pegou essa frase do Parreira e ficava usando em papo de bar, dizendo que fulano ou ciclano era o Brasil que deu certo. Nisso a página acabou virando um local para divulgar o que torna o Brasil um país tão interessante. Quando a gente pensa em cultura brasileira a gente pensa nos clichês, Pão de Açúcar, caipirinha, carnaval, mas essa é o Brasil pra gringo. O Brasil de verdade é muito diferente. é um Brasil país que as pessoas encontram formas de rir de si mesmo, rir da própria tragédia”, explicou Laneri.

 

Produtos celebram memes envolvendo o país e grandes nomes da cultura brasileira Foto: Reprodução

Momentos eternizados

Nem só de momentos gloriosos são feitos os produtos e assuntos abordados pelo Brasil que deu certo. A loja também eterniza momentos no melhor estilo rir pra não chorar. Nesse aspecto viraram camiseta da loja as frases “Brazil i’m devastated”, utilizada pela cantora Lady Gaga quando cancelou a vinda ao Brasil em 2017 e “Ânimo galera, tudo vai melhorar depois da Copa de 2014”, também tuitada pelo ex-jogador do Flamengo, o servio Dejan Petkovic. 

Matheus explica que os momentos para ilustrar os produtos são escolhidos por diversos motivos, desde uma identificação do público da página até aproveitar o hype.  

“Existe um feeling nosso de perceber que aquilo vai dar certo para o nosso público, mas também a gente lança muita coisa para aproveitar o hype. Um desses exemplos é a nossa camiseta do Zé Gotinha, que lançamos na época que a vacina da Covid-19 estava começando a ser aplicada. A gente percebeu que muita gente estava falando do Zé Gotinha e aproveitamos o momento para lançar”, explicou. Na época, algumas celebridades como a atriz Mariana Ximenes vestiram a camiseta na hora da vacinação. 

O canal também possui eventos anuais, como a escolha do melhor e do pior brasileiro do ano, em votação popular. Em 2024, o ministro do STF Alexandre de Moraes recebeu o troféu Vanderlei Luxemburgo como o melhor brasileiro, enquanto o coach e empresário Pablo Marçal foi eleito o pior.

Hoje o canal do Youtube conta com mais de 214 mil inscritos. Já a página do Instagram conta com mais de 830 mil seguidores.

O bordão “O Brasil que deu certo” se popularizou e hoje é utilizado por uma legião de internautas na hora de fazer piadas ou ironias.

A ‘cultura muito popular brasileira’ 

Abordando de Big Brother Brasil até ranking de melhores imitadores do Silvio Santos, o canal se orgulha de valorizar a “cultura muito popular brasileira”. Para Laneri, a cultura que entra na casa das pessoas está muito longe dos cânones tradicionais e do apartamento de Paula Lavigne e Caetano Veloso no Leblon. 

Para celebrar esses momentos e personalidades, o canal organiza o prêmio Vanderlei Luxemburgo de melhor brasileiro do ano. Neste sentido, eles também refizeram a lista dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos originalmente feita pelo SBT e que ficou conhecida por ter, na 63ª, o zagueiro Dedé, que na época atuava pelo Vasco. 

A lista refeita tem nomes sérios como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Machado de Assis, até o personagem Fofão e o senhor do meme “quero café”. 

Relação com as marcas

Por ser uma página nichada, todos os produtos da loja própria são desenvolvidos, vendidos e distribuídos de forma própria. Hoje, os dois criadores vivem somente da remuneração da página e da loja, que conta com mais de 100 produtos.

Laneri explica que, por ter um público engajado, as marcas acabam procurando a página não por conta do número de seguidores, mas também para desenvolver campanhas diferentes. 

“Eu tenho muito orgulho da loja e também do que a página virou. Hoje a gente trabalha com empresas gigantes como o Ifood, a 99, a Fiat porque eles sabem e confiam naquilo que a gente produz. Nós fazemos o mínimo, que é não reproduzir discursos machistas, racistas e homofóbicos, mas buscamos deixar isso muito claro e, com isso, a gente ganhou um respeito do mercado publicitário”, diz.

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