Opinião: “Um país subserviente”

A história das ex-colônias latino-americanas, em especial o Brasil, é marcada por uma subserviência persistente aos países colonizadores europeus e aos Estados Unidos. Essa subserviência não se limita à política; estende-se ao campo mental e intelectual, moldando a forma como essas nações enxergam a si mesmas e seu papel no cenário global. Essa postura compromete a autonomia decisória, a construção de projetos nacionais sólidos e a capacidade de trilhar um caminho independente e inovador. Além, insiste-se numa narrativa de vitimismo histórico de baixa estima.

Enquanto a China, que também enfrentou humilhações históricas, traçou um planejamento estratégico que a conduziu ao protagonismo global, o Brasil parece condenado a repetir erros estruturais que o mantêm aquém de suas potencialidades. A ausência de uma estratégia clara e de longo prazo reflete uma visão colonizada que perpetua a dependência de paradigmas externos, relegando o país à condição de coadjuvante.

Os países latino-americanos herdaram estruturas sociais e políticas desenhadas para servir aos interesses das antigas metrópoles. Esse legado permanece encrustado em elites que frequentemente olham para fora em busca de validação. A ausência de um projeto nacional robusto e autônomo reflete a perpetuação dessa mentalidade colonizada.

Diferentemente da China, que investiu na educação, em infraestrutura e em tecnologia como pilares de sua ascensão, o Brasil segue refém de decisões fragmentadas e imediatistas. O modelo de exportação de commodities, centrado em soja, minério de ferro e petróleo, é um exemplo disso. Essa dependência perpetua a posição subalterna do país no comércio global, limitando sua capacidade de agregar valor e inovar.

Além disso, a falta de um planejamento estratégico condena o Brasil à repetição de ciclos de crise. Sem infraestrutura adequada, políticas educacionais consistentes e incentivo à ciência e tecnologia, o país não consegue avançar de modo sustentável. Confúcio já alertava: “Quando está claro que os objetivos não podem ser atingidos, não ajuste os objetivos, ajuste as ações.” No caso do Brasil, o desafio é realinhar as ações para construir um futuro que priorize suas necessidades internas e aproveite suas riquezas naturais e humanas.

A trajetória da China é um exemplo claro de como o planejamento estratégico pode transformar o destino de uma nação. Após enfrentar intervenções estrangeiras e humilhações históricas, o país decidiu reverter sua condição de subjugação com um plano de longo prazo que integrasse crescimento econômico, desenvolvimento tecnológico e resiliência social.

O Brasil, por outro lado, permanece imerso no improviso. A falta de políticas estruturantes o condena a ciclos de dependência e subdesenvolvimento. Enquanto a China lidera em setores como inteligência artificial, telecomunicações e energia renovável, o Brasil é um mero consumidor de tecnologias importadas. Essa diferença não é fruto de uma ausência de potencial, mas da ausência de visão.

A subserviência intelectual reflete-se diretamente na baixa capacidade de inovação no Brasil. Países que inovam são aqueles que valorizam seu próprio potencial e investem na formação de capital humano e na criação de ambientes que fomentem a criatividade. No entanto, o Brasil carece de políticas que estimulem a pesquisa e a inovação, mantendo-se como um exportador de matérias-primas e importador de tecnologias.

Esse modelo mental também alimenta outra armadilha: a importação de ideologias  “progressistas” que são polarizantes do Norte Global, e incompatíveis com a realidade brasileira. Enquanto o país enfrenta desafios básicos como saneamento, água potável, educação, saúde e corrupção estrutural, adota debates menos relevantes que não melhoram a qualidade de vida dos cidadãos, além de dividirem ainda mais uma sociedade fragilizada. Essas ideologias, muitas vezes desvinculadas das necessidades nacionais, criam um cenário de instabilidade e distraem da urgência de construir soluções reais para os problemas.

Essa falta de foco em prioridades essenciais é agravada pela ausência de um patriotismo genuíno. O compromisso com o futuro nacional é frequentemente deixado de lado por lideranças políticas que privilegiam interesses externos ou partidários. Como Confúcio disse: “O homem superior busca o que é certo; o homem inferior busca o que é vantajoso.” O Brasil precisa de lideranças que priorizem o bem-estar coletivo e o desenvolvimento sustentável.

A subserviência aos Estados Unidos e à Europa tem prejudicado a capacidade de o Brasil se posicionar como protagonista global. É hora de romper com essa dependência histórica e adotar uma visão soberana. Isso exige um esforço coletivo que envolva um planejamento estratégico robusto, investimentos em segurança, educação, ciência e tecnologia, e uma política externa que priorize os interesses nacionais.

Os políticos brasileiros precisam abandonar o papel de figuras subservientes que transformam o país em um “cemitério de futuros” e trabalhar para corrigir os erros históricos que impedem o Brasil de alcançar seu verdadeiro potencial. Recuperar o tempo perdido exigirá o dobro de esforço, mas é possível construir um futuro que inspire orgulho e traga prosperidade para todos.

O Brasil possui os recursos e o talento necessários para ser uma potência global. Para isso, é imprescindível abandonar a mentalidade colonizada, adotar uma visão nacional e apostar em seu próprio futuro. É tempo de parar de importar modelos que polarizam e dividiram outras nações e, em vez disso, focar no que une o Brasil: o desejo de um país mais justo, soberano e próspero. É hora de as elites brasileiras amarem, de fato, o seu país e a construírem um lugar decente. O momento exige determinação, trabalho árduo e, acima de tudo, coragem para redefinir o destino do país. O Brasil precisa, portanto, de professores, políticos, juízes, empresários, funcionários públicos, religiosos, dentre outros, à altura dos seus desafios. 

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