Dólar cai mais de 1% após leilões do BC e atenção ao fiscal

Dólar cai mais de 1% após leilões do BC e atenção ao fiscal

O dólar à vista teve queda acentuada nesta quinta-feira (19), recuando 1,49% às 11h34 e sendo cotado a R$ 6,175. O movimento veio após o Banco Central realizar dois leilões de dólares à vista durante a manhã, totalizando US$ 5 bilhões vendidos e intensificando a intervenção no mercado cambial. Na B3, o contrato de dólar futuro também acompanhou o movimento de queda, registrando 1% de baixa, cotado a 6.193 pontos.

A sessão foi marcada por alta volatilidade. No início do pregão, o dólar chegou a atingir a máxima de R$ 6,30, antes de iniciar a queda em resposta às ações do BC. Esta foi a sexta intervenção da autarquia desde a semana passada, com um total superior a US$ 20,75 bilhões em operações de leilões à vista e de linha.

Câmbio em foco: pacotes fiscais e projeções do mercado

O desempenho do dólar também reflete a cautela dos investidores com o pacote fiscal do governo, atualmente em tramitação no Congresso. O atraso na votação da PEC que restringe o acesso ao abono salarial aumentou a preocupação sobre o comprometimento do ajuste fiscal, considerado crucial para reequilibrar as contas públicas.

Agentes do mercado temem que as medidas possam ser desidratadas ou nem mesmo votadas antes do recesso parlamentar, colocando em risco a trajetória fiscal do país. Este receio impulsionou uma alta significativa na curva de juros, com contratos futuros subindo mais de 40 pontos-base.

Intervenção do BC e volatilidade cambial

Para conter o avanço da moeda americana, o Banco Central intensificou sua atuação. Além dos leilões à vista, a autarquia programou para o restante do dia a oferta de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem de vencimentos em fevereiro de 2025.

Com isso, a intervenção soma-se a um cenário externo desfavorável para o real. Na quarta-feira, o Federal Reserve anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nos juros dos EUA, mas sinalizou um ritmo menor de afrouxamento monetário para 2025. Isso fortaleceu o dólar globalmente, já que taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos tendem a atrair investidores para ativos denominados em dólares.

Inflação e Selic: expectativas em alta

Outro fator de preocupação foi o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pelo BC. Segundo o documento, a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta em 2024 é de quase 100%, em contraste com os 36% projetados anteriormente. O IPCA acumulado em 12 meses chegou a 4,87% em novembro, e há uma expectativa de alta adicional para dezembro.

Diante deste cenário, operadores do mercado precificam uma chance maior de que o Copom aumente a taxa Selic em 1,75 ponto percentual na próxima reunião, acima do guidance anterior de 1 ponto percentual.

Cotacão atualizada do dólar

  • Dólar comercial:
    Compra: R$ 6,174 | Venda: R$ 6,175
  • Dólar turismo:
    Compra: R$ 6,285 | Venda: R$ 6,465

Cenário global e próximos passos

Com os mercados globais reagindo à postura mais cautelosa do Fed, o real segue pressionado. A divulgação dos dados inflacionários brasileiros e o resultado do pacote fiscal no Congresso serão decisivos para a próxima direção do câmbio.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçou em coletiva que a autarquia “promoverá estabilidade no mercado cambial”, ressaltando que intervenções seguirão conforme a necessidade.


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