Dólar não para de subir e chega nos R$ 6,20: incerteza fiscal e juros dos EUA ampliam pressão

Dólar não para de subir e chega nos R$ 6,20: incerteza fiscal e juros dos EUA ampliam pressão

A cotação do dólar segue em alta acelerada e chegou a encostar nos R$ 6,30 nesta quarta-feira (18). O movimento é impulsionado por incertezas fiscais no Brasil e pelo fortalecimento global da moeda americana, pressionando a economia e intensificando a volatilidade dos mercados.

No mercado à vista, a moeda atingiu R$ 6,203, com alta de 1,75% às 15h30. Já o dólar futuro, negociado na B3, subiu 0,40%, chegando a 6.136 pontos. Esse é o maior valor nominal desde a última intervenção massiva do Banco Central, que, mesmo com leilões extraordinários, não conseguiu conter a disparada.

O que está por trás da alta do dólar?

Internamente, a falta de medidas concretas para resolver a questão fiscal é o principal fator que alimenta a desconfiança do mercado. Segundo Alexandre Rebelatto, head de operações no Grupo Laatus, “o Brasil só verá o dólar fechar abaixo dos R$ 6 com um milagre em Brasília”.

O Projeto de Lei Complementar 210, que impõe travas no crescimento das despesas, foi aprovado na Câmara. Contudo, os outros textos do pacote fiscal ainda aguardam votação, deixando os investidores receosos com possíveis desidratações e atrasos.

Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, “a percepção é que as medidas anunciadas são insuficientes para estabilizar a dívida pública”. Esse quadro de incerteza fiscal torna a economia brasileira vulnerável e reforça a pressão no câmbio.

Cenário externo: juros nos EUA elevam pressão sobre o real

Externamente, o fortalecimento do dólar está relacionado à expectativa de cortes mais suaves nos juros dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) deve reduzir a taxa em 0,25 ponto percentual, mantendo o ambiente atrativo para os títulos do Tesouro americano.

Com isso, investidores estrangeiros buscam ativos de menor risco, saindo de mercados emergentes, como o Brasil. “A perspectiva de juros altos nos EUA torna o dólar ainda mais atrativo, enquanto o real perde força”, destaca André Matos, CEO da MA7 Negócios.

Impactos econômicos: inflação e queda no Ibovespa

A alta contínua do dólar gera preocupações diretas para a economia brasileira. Produtos e insumos importados ficam mais caros, pressionando a inflação e elevando os custos de produção. Para Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, esse cenário “exige maior atenção dos investidores, que devem buscar proteção em ativos atrelados à inflação”.

O Ibovespa, por sua vez, recuou para a faixa de 122 mil pontos, refletindo o aumento da aversão ao risco e a retirada de capital estrangeiro.

Intervenções do Banco Central: solução temporária?

O Banco Central tem intensificado leilões de dólares no mercado, realizando intervenções extraordinárias que já somam mais de US$ 12,75 bilhões desde a última quinta-feira. Apesar disso, os efeitos são apenas temporários.

Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, “a fragilidade fiscal e as intervenções pontuais mostram que o mercado só irá se acalmar quando houver soluções definitivas para as contas públicas”.

Expectativas: o dólar pode cair?

Para os especialistas, o único cenário que pode aliviar o real é a aprovação integral do pacote fiscal antes do recesso do Congresso. Caso contrário, as pressões devem persistir até o próximo ano. João Kepler, CEO da Equity Fund Group, alerta: “Sem sinais claros, o dólar pode superar os R$ 6,30 facilmente”.


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