O que significa o gesto racista que levou o ex-assessor de Bolsonaro a ser condenado

Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, foi condenado pela Justiça Federal de Brasília por um gesto racista feito em uma sessão do Senado em 2021. A pena inicial foi de dois anos e quatro meses de reclusão, mas foi substituída por multas e serviços comunitários. Saiba o que significa o gesto que levou à condenação.

Ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins foi condenado por gesto racista em sessão do Senado

Ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins foi condenado por gesto racista em sessão do Senado – Foto: Divulgação/ND

Martins foi considerado culpado por “praticar e incitar a discriminação de raça”. A decisão é do juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal.

“A consideração do contexto, com todas as suas circunstâncias, minuciosamente descritas e detalhadas, é que pode conduzir à caracterização do crime de maneira consistente e logicamente baseada nos elementos de prova”, afirmou o juiz.

O que significa o gesto racista que levou o ex-assessor de Bolsonaro à condenação

O gesto feito pelo ex-assessor de Bolsonaro costuma simbolizar o “OK”, mas foi apropriado como um símbolo de supremacia branca,  especialmente nos Estados Unidos e por grupos de extrema-direita. Segundo a ADL, órgão americano que monitora crimes de ódio, a origem da nova conotação do símbolo surgiu por volta de 2017, no fórum 4chan.

Gesto feito por ex-assessor de Bolsonaro pode ser usado para indicar supremacia branca

Gesto feito por ex-assessor de Bolsonaro pode ser usado para indicar supremacia branca – Foto: Divulgação/ND

Os três dedos esticados simbolizam a letra W (white), enquanto o círculo formado representa a letra P (power), significando o “white power” ou poder branco.

Pesquisadores que estudam símbolos da extrema-direita alegam que o gesto funciona como um “apito para cães”, em referência ao instrumento que não é ouvido por humanos, mas é captado pelos cachorros.

O símbolo seria uma mensagem codificada utilizada como estratégia para comunicação de determinados grupos. O gesto é utilizado pelo movimento alt-right, segmento alternativo do movimento de supremacia branca nos EUA.

A condenação de Filipe Martins

Como alternativa à cadeia, Filipe Martins terá que prestar 852 horas de serviços comunitários, o que equivale a quase cinco meses de trabalho com jornada de 8 horas diárias e folgas semanais. Além disso, terá que pagar R$ 1 mil mensais, durante 14 meses, para uma instituição social indicada pela Justiça; pagar multa de R$ 8.250; e R$ 30 mil de indenização por danos morais.

Justiça Federal de Brasília

Ex-assessor de Bolsonaro foi condenado pela Justiça Federal de Brasília – Foto: Divulgação/CNJ/ND

Na ocasião, o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, explicava as ações da Pasta em relação à aquisição de vacinas contra a Covid-19. Filipe Martins estava sentado atrás do presidente da casa, Rodrigo Pacheco, que discursava naquele momento, quando foi flagrado fazendo o gesto que levou à condenação.

“A voluntariedade na realização do gesto é respaldada pela circunstância de o réu olhar para a sua própria imagem, enquanto gesticulava, ao mirar para a tela que transmitia em tamanho maior o Presidente do Senado”, afirma a decisão do juiz David Wilson de Abreu Pardo.

Para o magistrado, foi demonstrado que o réu “realizou voluntariamente o gesto reputado criminoso pela acusação, não se tratando de ajuste da lapela do paletó”.

Defesa pretende recorrer da condenação

A defesa informou, em nota, que vai recorrer da sentença. Os advogados dizem que não foram apresentadas provas concretas de intenção discriminatória do réu.

Segundo a defesa, a decisão se apoia em interpretações subjetivas sobre um gesto involuntário, que comporta múltiplos significados e culturalmente sem caráter ofensivo no Brasil.

*Com informações do R7 e da Agência Brasil

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