Partido governista abandona votação de impeachment na Coreia do Sul

Quase todos os 108 parlamentares do PPP (Partido do Poder Popular, de direita), do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, se retiraram da votação do pedido de impeachment do líder do país, realizada neste sábado (7.dez.2024). Segundo a agência sul-coreana Yonhap, só 2 ficaram na Assembleia Nacional. Com isso, o provável é que o afastamento do presidente não seja aprovado. 

O pedido de impeachment foi feito pela oposição depois que Yoon decretou lei marcial no país na 3ª feira (3.dez). Pouco depois, o Parlamento da Coreia do Sul votou pela derrubada da medida. Horas depois, o decreto foi revogado. 

Na 4ª feira (4.dez), 191 parlamentares de 6 partidos –dentre eles, a principal sigla da oposição, o Partido Democrata– assinaram pedido de impeachment de Yoon.

Para que o afastamento seja aprovado, é preciso o voto favorável de 200 dos 300 parlamentares. A oposição controla 192 das 300 cadeiras da Assembleia Nacional. O Partido do Poder Popular tem 108 assentos e, sem a presença deles, não há como o pedido ser aprovado. 

O presidente do Parlamento, Woo Won-shik, pediu que os parlamentares do PPP retornem ao local antes de seguir com a sessão. Até a publicação desta reportagem, os legisladores presentes na Assembleia aguardavam para ver como a situação iria se desenrolar. 

LEI MARCIAL

Yoon Suk-yeol disse ter decretado a lei marcial para conter movimentos “pró-Coreia do Norte”. A medida suspendia os direitos civis, limitava atuação da imprensa e das Forças Armadas ao governo e substituía as leis por normas militares.

A ação do presidente sul-coreano causou uma série de manifestações e divergências políticas no país. 

As manifestações continuaram nos dias ao decreto e, neste sábado (7.dez), os sul-coreanos estão reunidos no exterior do Parlamento sul-coreano enquanto os legisladores tentam votar o pedido de impeachment. 

Neste sábado (7.dez), o presidente sul-coreano disse estar “sinceramente arrependido” por causar preocupações públicas ao decretar lei marcial e prometeu que não o voltaria a fazer. 

Yoon afirmou que impôs a lei marcial devido ao “desespero”, mas reconheceu que a decisão abrupta causou “preocupações e inconveniências” aos sul-coreanos.

Não evitarei a responsabilidade legal e política relacionada a esta declaração de lei marcial”, declarou. 

O Poder360 organizou a cronologia do episódio de 3ª feira (3.dez) para auxiliar a compreensão dos fatos. Leia:

  • Presidente decreta lei marcial – às 23h do horário local (11h do horário de Brasília), o presidente Yoon Suk-yeol decretou lei marcial no país. A medida anunciada pelo líder sul-coreano suspendia os direitos civis, limitava a atuação da imprensa e das Forças Armadas ao governo e substituía as leis por normas militares. Segundo presidente, o decreto foi acionado para conter movimentos “pró-Coreia do Norte” do país. O anúncio foi seguido da ida de cidadãos à Assembleia Nacional para protestarem contra a ação;
  • Líder do partido governista é contra – por volta 23h15 do horário local (11h15 no horário de Brasília), Han Dong-hoon, chefe do partido do presidente, disse ser contra a medida. Afirmou que trabalharia com parlamentares da oposição para derrubar o decreto;
  • Exército tenta invadir Legislativo – por volta de 1h do horário local (13h no horário de Brasília), militares das Forças Armadas da Coreia do Sul tentaram invadir o plenário onde estavam os parlamentes, que estavam prestes a iniciar a votação para derrubar a medida presidencial. Manifestantes entraram em confronto com os soldados;
  • Início da votação na Assembleia – por volta de 1h10 do horário local (13h10 no horário de Brasília), os parlamentares começaram a votação contra a lei marcial imposta pelo presidente enquanto militares ainda tentavam invadir a sede do Legislativo;
  • Legisladores exigem suspensão da lei marcial – por volta de 2h do horário local (14h no horário de Brasília), a votação para derrubar a lei marcial foi encerrada. Os 190 parlamentares presentes na Casa no momento foram contrários à ação de Yoon.
  • Exército deixa Legislativo – logo em seguida à votação, os militares sul-coreanos saíram do prédio da Assembleia Nacional sob vaias de manifestantes;
  • Presidente suspende lei marcial – às 4h30 do horário local (16h30 no horário de Brasília), Yoon Suk-yeol revoga o decreto anunciado por ele na noite do dia anterior. Afirmou que a decisão foi motivada pela votação da Assembleia Nacional. 
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